Todos nós vivemos neste universo
infinito criado por Deus, o nosso Pai. Conseqentemente, tudo e todos
estão sujeitos as Leis de Deus (ou como ainda falam alguns: as leis da
natureza). Esta verdade é muito bem explicada pelos ensinamentos
espíritas, particularmente, através dos seguintes livros da Codificação
Espírita (i.e., o Pentateuco Espírita), a saber: O Livro dos Espíritos
(Livro Primeiro – das Causas) e A Gênese (Capítulo II).
Uma destas “leis naturais” é a conhecida
lei de ação e reação; a famosa terceira lei de Newton. Tal lei nos
ensina que: para toda força aplicada de um objeto para outro objeto,
existirá outra força de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto. Em
outras palavras, a lei de ação e reação nos diz que para cada ação
existirá uma reação oposta e de mesma intensidade. É oportuno salientar
que as leis de Newton são somente aplicáveis para os movimentos nos
quais as velocidades dos objetos/corpos em deslocamento são bem menores
do que a velocidade da luz. Por esta razão, a física quântica e a teoria
da relatividade estão sendo usadas para a compreensão dos movimentos de
objetos/corpos nos mundos microcósmico e macrocósmico. Em resumo, a
própria lei de causa e efeito não é adequada para descrever certos
fenômenos na esfera material dentro do planeta Terra.
Uma outra lei natural é a Lei de Causa e
Efeito, a qual, não foi descoberta, mas revelada para todos nós, de
forma verossímil, através da Doutrina Espírita no século 19. Esta lei é
bem discutida nos livros da Codificação Espírita, sobretudo nos
seguintes livros: O Livro dos Espíritos; O Evangelho Segundo o
Espiritismo e O Céu e o Inferno. O conhecimento da Lei de Causa e Efeito
é bastante importante para que possamos compreender o amor de Deus. Em
verdade, o entendimento claro e racional desta lei tem o potencial de
fazer com que nós ajamos em concordância com o Amor. Em outras palavras,
a compreensão da Lei de Causa e Efeito pode nos ajudar a tomarmos
decisões sábias em nossas existências; e conseqüentemente, a evoluirmos
de forma mais eficiente.
Considerando, portanto, estas duas leis e
suas “similaridades”, é comum escutarmos frases, como estas: A Lei de
Causa e Efeito é a mesma coisa que a lei de ação e reação; aquela lei de
Isaac Newton. Para falar a verdade, a Lei de Causa e Efeito é um
exemplo prático da lei de ação e reação, pois nada é por um acaso.
Baseado nisto, podemos nos perguntar: i) essas leis são sinônimas? ii)
se são, por que são? iii) senão são, qual é a implicação direta e/ou
indireta de se pensar que essas leis são iguais? iv) qual é a relação
entre essas duas leis?
Estes tipos de questionamentos podem ser
bastante comuns; especialmente quando se está começando a estudar os
ensinamentos do Espiritismo. Tendo isto em mente, nós devemos sempre
relembrar o que o Espírito de Verdade nos disse: Espíritas, amai-vos,
eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o Segundo. É interessante
observar que o Espírito de Verdade incluiu um segundo mandamento: a
instrução, que claramente não é mais importante que o Amor, contudo deve
também ser um objetivo de todos nós espíritas.
Sir Isaac Newton publicou o seu trabalho
sobre as leis do movimento em 1687. Já a idéia sobre a Lei de Causa e
Efeito nos foi dada no século 19 com advento do Espiritismo. Desta
forma, é razoável pensarmos que a maioria de nós é (ou era)
possivelmente mais familiarizada com a lei de ação e reação do que com a
Lei de Causa e Efeito. Isto pode ser afirmado, levando-se em
consideração que todos nós somos seres imortais; e, sendo assim, já
ouvimos falar e aprendemos sobre a lei de ação e reação muito antes que a
Lei de Causa e Efeito.
Sendo assim, poderíamos dizer que o
entendimento da Lei de Causa e Efeito é algo razoavelmente novo aqui na
Terra. Além do mais, o seu conceito é ainda “restrito”; ou melhor, mais e
melhor difundido entre nós espíritas. Seguindo esta linha de
pensamento, muitos de nós, quando iniciamos os nossos estudos espíritas,
muito possivelmente ao aprendermos novos conceitos (incluindo a Lei de
Causa e Efeito), fazemos comparações, analogias, associações etc. afim
de que possamos tê-los mais claros em nossas mentes. Por exemplo, é
muito comum durante o processo de aprendizagem, usar um objeto de
comparação para poder explicar o objeto de estudo. Seguindo este
pensamento, o objeto de estudo é a Lei de Causa e Efeito e o objeto de
comparação é a lei de ação e reação.
Apesar da associação entre essas duas
leis ser feita durante a aprendizagem, não é correto dizer que as mesmas
sejam as mesmas leis. Ao dizer que essas duas leis são a mesma coisa,
estamos a assumir que o objeto de estudo é a mesma coisa que o objeto de
comparação e vice-versa. Tal afirmativa pode nos levar a perceber a
sentença “nada é por um acaso” de forma incorreta. Como conseqüência
disto, existe uma possibilidade de se criar uma “teoria de fatalismo
divino”, a qual não tem nada a ver com os ensinamentos espíritas. É
recomendável a leitura do Capítulo 10 (Lei de Liberdade) de O Livro dos
Espíritos.
Por esta razão, é correto afirmar que a
Lei de Causa e Efeito não é a lei de ação e reação. Claramente, tais
leis têm um princípio semelhante: entretanto são leis diferentes. A
semelhança entre essas leis se baseia no fundamento de que para cada
ação, existirá uma reação; i.e., para cada causa, tem-se um efeito. Este
fundamento é algo lógico para tudo na vida; entretanto, as maneiras
como a Lei de Causa e Efeito e a lei de ação e reação se processam são
completamente diferentes.
Principais diferenças entre
a Lei de Causa e Efeito e a lei de ação e reação:
Lei de ação e reação | Lei de Causa e Efeito | |
Natureza | Binária | Não-binária |
Característica | Lei física | Lei moral (lei não-física) |
Processo | Não-complexo | Complexo |
Predictabilidade | Corpos/objetos dentro de certas condições no mundo material no planeta Terra. | Relações intrapessoais e interpessoais em ambos os mundos, material e spiritual, não só na Terra, como possivelmente no Universo como um todo. |
Dependência do Tempo | Imediata | Variável |
Factores de dependência | Limitada | Muitos |
Como é possível observar, as duas leis são completamente diferentes.
Sendo assim, nós devemos estar cientes disto. Isto é oportuno de ser
dito, porque nada é por um acaso; mas cada caso é um caso.
Seguindo então esta lógica, nós não devemos tentar “adivinhar” as
possíveis causas dos efeitos; sobretudo quando as circunstâncias são
completamente desconhecidas; e, em especial, se o conhecimento destas
causas não nos adicionará algo de importante para a nossa evolução. Por
exemplo, nós não devemos conjecturar as causas que geraram as atuais
situações (i.e., efeitos) as quais nossos irmãos estão a vivenciar. De
outra maneira, estaríamos a julgá-los; e isto seria contra os
ensinamentos do nosso Mestre Jesus (Não julgueis e não sereis julgados;
não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados -
Lucas 6:37). Nós não devemos nem tampouco nos punir através dos
sentimentos de culpa pelas decisões menos sábias as quais tomamos e/ou
pelos “sofrimentos” os quais passamos. Contudo, devemos sim, evitar
cometer os mesmos erros do passado, buscando sempre refletir antes de
quaisquer de nossas ações (o que inclui também os nossos pensamentos).
Nós não devemos “culpar” Deus, nem o governo, nem nossos familiares
ou amigos pelos nossos erros ou “sofrimentos” em nossas atuais
existências. Se agirmos assim, estamos, de forma indireta, afirmando que
a Lei de Causa e Efeito é a mesma coisa que a lei de ação e reação. E
ao afirmarmos que tais leis são a mesma coisa, é promover de forma
inconsciente a doutrina ilógica do fatalismo.
Em resumo, responsabilidade é a palavra-chave. Nós devemos usar o
nosso livre-arbítrio de forma sábia, o que significa dizer: amando a nós
mesmos e amando o nosso próximo. Esta é a forma de se amar a Deus, tão
bem demonstrada por Jesus aqui na Terra; e agora tão bem explicada pelo
Espiritismo.
Por Rodrigo Machado Tavares
Fraternidade Espírita Luz do Cristianismo
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