Transplantes (Richard Simontetti)


O avanço da Medicina em técnicas cirúrgicas e a descoberta de drogas que eliminam ou reduzem substancialmente os pro­blemas de rejeição, descerram horizontes muito amplos para o transplante de órgãos. 

Constituem rotina, atualmente, nos grandes centros médicos, os de córnea, ossos, pele, cartilagens e vasos; multiplicam-se os de coração, rim e fígado, considerados impossí­veis há algumas décadas. Assim como os bancos de sangue, surgem os que se especializam em olhos, ossos, pele...

Considerando o fato de que o Espírito não se desprende imediatamente após a morte, surgem algumas dúvidas: Sentirá do­res? Experimentará repercussões no perispírito? Quem doa seus olhos não sofrerá problemas de visão na Espiritualidade?

Normalmente o ato cirúrgico não impli­ca em dor para o desencarnante. Como já co­mentamos, a agonia impõe uma espécie de anestesia geral ao moribundo, com reflexos no Espírito, que tende a dormir nos momen­tos cruciais da grande transição. Ainda que conserve a consciência, o corpo em colapso geralmente não transmite sensações de dor.

Não há, também, reflexos traumatizan­tes ou inibidores no corpo espiritual, em con­trapartida à mutilação do corpo físico. O doa­dor de olhos não retornará cego ao Além. Se assim fosse, que seria daqueles que têm o corpo consumido pelo fogo ou desintegrado numa explosão?

A integridade do perispírito está intima­mente relacionada com a vida que levamos e não ao tipo de morte que sofremos ou à desti­nação de nossos despojos carnais.

Nesse aspecto, importante frisar sem­pre, a maior violência que nos afeta perispiri­tualmente, mergulhando-nos em infernos de angústia e dor, é o suicídio.

Não obstante, em relação aos trans­plantes há um problema a ser resolvido: tra­tando-se de órgãos vitais como o coração e o fígado, a cirurgia deve ter início tão logo ocor­ra a morte cerebral (quando o cérebro deixa de funcionar), antes que se consume a morte clínica, determinada pela parada cardíaca.

Essa prática equivale, a nosso ver, à eutanásia, porquanto nem sempre a morte clínica ocorre imediatamente após a morte cerebral.

Geralmente nesses transplantes são utilizados os órgãos de pessoas que sofreram acidentes, inclusive vasculares. Não há possibilidade de aproveitamento em pes­soas que falecem por velhice ou vitimadas por moléstias de longo curso. Ora, em benefí­cio do acidentado, é importante que, tendo ocorrido a morte cerebral, permita-se que a Natureza siga seu curso e que a morte clínica venha naturalmente. Algumas horas, dias ou semanas nessa situação, embora representem constrangimento e angústia para os fa­miliares, ensejarão um desencarne menos traumatizante ao Espírito.

No futuro a Medicina desenvolverá, certamente, técnicas que permitam a retirada desses órgãos vitais para doação após consumar-se a morte, sem medidas drás­ticas passíveis de complicar o processo de­sencarnatório. 

Richard Simontetti 

FRATERLUZ

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