Doze itens em face da posse

Meditando nas questões sociais e na renitência do homem no apego aos bens materiais, ávido de tudo quanto lhe favoreça a conquista do prazer e da posição, e face às elucidativas comunicações dos espíritos, contidas no cap. XVI de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" (Não se pode servir a Deus e a Mamon), tentamos, de nossa parte, elaborar uma síntese do que poderia ser uma conduta correta do espírita quanto à questão dos bens terrenos.


1. Aceitar a própria situação econômico-social, posicionando-se de maneira compatível com as próprias posses; evitar, quanto possível, o endividamento.

2. Aceitar a situação dos outros -próximos e distantes, conhecidos, patrões e governantes. O despeito e a mágoa para com terceiros, a qualquer pretexto, são tormentos muito maiores do que qualquer privação.

3. Compreender que há sempre um caminho para a melhoria da própria situação: o do trabalho, com previdência, eficiência e economia. Não conseguindo a desejada prosperidade, não culpar a outrem, mas a si mesmo. Mesmo na pobreza, tem-se o ensejo de desenvolver preciosas qualidades da alma.

4. Eleger um ideal de vida e lutar por ele; que seja o mais elevado possível, quanto menos exclusivista, melhor.

5. Em toda a luta material, jamais aceitar as sugestões da ilegalidade, da sonegação de impostos, do ganho com prejuízo da qualidade do produto que comercializa ou do serviço que presta, de faltar com a verdade, de agredir a natureza e outros atos antiéticos.

6. Compreender que a ética do Evangelho deve prevalecer para todos os setores da vida e não para alguns apenas, com exclusão de outros. A sobriedade no uso de bens e valores constitui imperioso dever a observar perante as leis da Vida, inclusive porque muitos recursos do Planeta não são renováveis ou o são com muito custo e tempo.

7. Como empregado, zelar, com o máximo empenho, pelos interesses da empresa a que serve, ser o mais eficiente fiscal de si mesmo e assumir sempre o ônus decorrente de qualquer falta cometida.

8. Como empregador, promover os meios para o bem-estar e prosperidade dos funcionários e seus dependentes, entendendo que o lucro se torna roubo, quando auferido à custa de sacrifícios de terceiros, injustamente.

9. Compreender que cada ser humano tem nítidas e inelutáveis respon- sabilidades, em vários níveis, como sejam: individual, familiar, institucional, comunitário, nacional e universal. Ter, pois, como sagrado, o dever de participar, como cidadão, de alguma iniciativa ou entidade de interesse geral, que vise a melhoria de vida em sua cidade, região ou país.

10. Compreendendo que há tanta carência no mundo, tantos milhões a quem falta um mínimo necessário para assegurar a sobrevivência digna, nunca queira possuir o que não vá utilizar de imediato ou que não faça parte de seu negócio. Querer melhorar o mais possível, crescer e prosperar com o que se faz, por meios lícitos e dignos, é um direito e de certa forma dever de todo ser humano capaz, mas a posse de qualquer bem ou direito sem necessidade ou uso real é de alguma forma condenável usurpação de outrem que dele se priva.

11. Adotar como norma de vida o fato de que, se a ambição cúpida é deplorável defeito moral, por outro lado, o descuido e menosprezo para com a posse dos bens necessários à vida configura falha de desídia com que muitas vezes se mascara de desprendimento o desleixo para com o bem-estar e segurança próprios e dos que cercam.

12. Entender que, em sentido absoluto, só Deus é criador e dono de tudo, mas que a nós, seus filhos, outorgou Ele a oportunidade de manejar com materiais, recursos e forças que nos deixou à disposição, inclusive aqueles mais sutis que só o desenvolvimento da ciência faculta ao homem utilizar; que, por conseguinte, incorre em grave erro toda vez que usa quaisquer desses meios para prejudicar os semelhantes ou seres inferiores da Criação, contra a vontade do Supremo Senhor!

Lauro F. Carvalho

 
 

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