Diante das Revelações (Lucius)

A lei do progresso era A PODEROSA ALAVANCA DA criação no sentido de ajudar o crescimento de cada um, a suplantar até mesmo a lei de liberdade, eis que a ninguém era possível exercer, esta para impedir a ocorrência da primeira.

Apesar disso, mesmo alguns dos admiradores da verdade revelada pelas vozes do mundo invisível perdiam-se no cipoal dos interesses do mundo, adiando a decisão de abdicar das inutilidades concentrando seus esforços na edificação de um outro modelo de vida.

Provocando Jerônimo, Adelino revela suas preocupações ao amigo, enquanto se dirigem ao. encontro de Bezerra de Menezes:

— Se os próprios espíritas continuam amortecidos à frente de tantas revelações, notícias, mensagens e chamamentos diretos, como haverão de se encontrar os infelizes que não conhecem estas realidades? Refiro-me àqueles que não compartilham de princípios tão reveladores quanto as leis espirituais que nos regem os destinos. Estarão discriminados por Deus das benesses da salvação?

— Creio que não há partidarismo de nenhum tipo na administração do universo, Adelino. Os que imaginam um Deus que prefere mais a um do que a outro, certamente ainda estão imaturos no raciocínio. Em primeiro lugar, devemos ter convicção de que não é o saber que salva. A leitura, por mais esclarecedora que seja, não representa aprovação na prova. Em segundo lugar, as diversas escolas religiosas são pontos de apoio da Divindade para a elucidação das almas de boa vontade que lhes desejem escutar as lições. Então, não há ninguém desprezado ou esquecido. E não me refiro apenas às igrejas cristãs do ocidente ou do oriente. As leis do universo encontram-se espalhadas por todos os cânones morais de todos os tempos, em todos os povos ou civilizações. Encontraremos estes conceitos tanto entre os aborígenes australianos como entre os iniciados do Tibete. Assim, observa-se que não existe ninguém a quem não tenha chegado o conteúdo mais ou menos claro do chamamento justo.

Diante de cada característica cultural, serão levados em conta os valores cultivados e vividos por aquele grupo étnico, suas condutas coletivas, suas atitudes pessoais, seus esforços na vivência dos preceitos morais de natureza superior.

No momento da seleção dos Espíritos, não se verá distinção de natureza superficial. Todos serão avaliados pela essência espiritual.

Nas escrituras sagradas, especificamente no Novo testamento, no Evangelho de São João, capítulo 12, de 47 a 50 há um trecho em que Jesus nos ensina:

E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não 0 julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar 0 mundo. (v. 47)

Observemos, Adelino, que Jesus deixa claro que não está no mundo para Julgar e, sim, para Salvar. No entanto, não entendamos suas palavras como crianças iludidas a quem não esteja atribuído nenhum dever. Certamente que Jesus nos traz ensinamentos morais, consolações espirituais, exortações idealistas que podem ou não ser seguidas. E por isso que, nesta passagem, refere-se aos que o escutam, mas não creem, pois o Cristo não os avalia, já que sua missão na Terra é eminentemente salvadora, pela iluminação das consciências visando à compreensão dos caminhos retos.

O versículo nos educa, portanto, no sentido de não imaginarmos ser ele, o messias de amor, o executor da justiça.

Ele mesmo nos revela isso, no versículo seguinte ao citado, dizendo:
Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia. (v. 48)

Jesus redireciona a responsabilidade da salvação àquele que lhe escuta os conselhos. Diz, mais uma vez, não ser ele quem julga, porque veio para salvar. No entanto, quem julgará os que o renegam é a circunstância de terem ouvido a palavra salvadora, não lhes sendo possível alegar ignorância de seu significado. Que não concordem, que não a sigam por conveniências ou interesses, isso não altera o amor de Jesus por todos. No entanto, a consequência dessa indiferença experimentará o próprio indiferente e por sua própria culpa. Não poderá alegar ignorância para tentar fugir do juízo, que o alcançará como força iniludível do universo.

Então, o simples conhecer por ouvir, por ter tido acesso a um conselho ou a uma parábola, por já ter escutado a pregação de alguém, isso já é suficiente para colocar a criatura no banco dos réus para a avaliação de seus comportamentos à luz do conhecimento que lhe chegara aos ouvidos, ainda que a ele não desse crédito.

Espírito: Lucius;
Psicografia: André Luiz Ruiz;
Do livro: No Final da Última Hora, cap. 39.








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