Sinceridade nos propósitos de melhora íntima (Bezerra de Menezes) Lucius

Doutor Bezerra de Menezes nos instrui sobre a importância dos núcleos da religião sincera sobre a Terra e estende a explicação à necessidade de nos tornarmos sinceramente melhores…

- Igrejas existem, em todas as partes, que recebem das forças espirituais o quinhão que lhes cabe no esforço espiritual de transformação verdadeira. Muitas se perdem nos cipoais da matéria, desprezando as dádivas sublimes e apegando-se ferreamente ao ouro do mundo. Outras, entre as quais muitas instituições espíritas, esbarram nas disputas palavrescas, nos certames da vaidade doutrinária, na contenda entre pontos de vista ou interpretações sobre detalhes inócuos, perdendo-se em polêmicas e, não se precavendo do perigo das seduções humanas no seio da Obra do Pai como aconselhava Jesus, avançam pelo terreno da hostilidade e da maledicência entre seus membros.

Várias delas, inclusive, prestam serviços da caridade, matam a fome dos infelizes, enchendo-lhes a barriga com caldos e sanduíches, mas não deixam de ser famintos da alma alimentando famintos do corpo. Enquanto disputam primazias doutrinárias, esquecem-se das advertências Evangélicas acerca do Fermento dos Fariseus, que levantam polêmicas, discutem e querem provar suas teses em longas contendas doutrinárias. Lemos em Mateus:

1 E, chegando-se os fariseus e os saduceus, para o tentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu.

2 Mas ele, respondendo, disse-lhes: Quando é chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro.

3 E, pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Hipócritas, sabeis discernir a face do céu, e não conheceis os sinais dos tempos?

4 Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta Jonas. E, deixando-os, retirou-se.

5 E, passando seus discípulos para o outro lado, tinham-se esquecido de trazer pão.

6 E Jesus disse-lhes: Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus.

7 E eles arrazoavam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão.

8 E Jesus, percebendo isso, disse: Por que arrazoais entre vós, homens de pouca fé, sobre o não terdes trazido pão?

9 Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens, e de quantos cestos levantastes?

10 Nem dos sete pães para quatro mil, e de quantos cestos levantastes?

11 Como não compreendestes que não vos falei a respeito do pão, mas que vos guardásseis do fermento dos fariseus e saduceus?

12 Então compreenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos fariseus.

(Mateus, cap. 16, 1 a 12)


Depois de breve pausa, continuou explicando:

- Observamos que a preocupação de fariseus e saduceus era a de pedirem provas, um sinal do céu. Encontramos, então, o Divino Amigo falando-lhes de coisa óbvias, que estavam à luz para que qualquer um as pudesse ver e entender e, ainda assim, tais “autoridades na fé” eram incapazes de perceber. Discerniam sobre os fenômenos atmosféricos, mas não observavam com a mesma acuidade os sinais dos importantes e decisivos momentos para a humanidade. Assim, filhos, muitos religiosos dos tempos modernos, antigos fariseus e saduceus reencarnados, disseminam a confusão e a disputa entre os chamados na última hora. Tocados pela vaidade intelectual e Pelo orgulho dos “pontos de vista”, são eles o verdadeiro fermento dos fariseus de quem todos devemos nos acautelar para que não percamos o já escasso tempo em discussões estéreis e destruidoras da harmonia e da paz. Os que sofrem esperam pelo lenitivo que lhes restaure a fé e a confiança em Deus. Não batem à porta buscando discutidores nem conflitos estéreis. Os religiosos que gastam seus esforços nas faustosas e infindáveis discussões dessa natureza deixaram-se contaminar pelo fermento dos fariseus, imobilizando seus ideais e confundindo seus raciocínios. Gastam em palavras o tempo e a energia que, se fossem consumidos através da prática do Bem junto aos semelhantes, melhor demonstrariam o valor das teses que defendem, graças aos efeitos práticos das atitudes, transformando outras vidas. Certamente não há aqui nenhuma censura aos que raciocinam buscando entendimento, aos que comentam desejando aprender, aos que trocam informações com o intuito de enriquecimento espiritual. Estes não polemizam, não agridem os que não pensam como eles, não formam partidos nem seitas, não se organizam em grupos em prejuízo da obra de Amor que pede o silêncio das próprias vaidades e a superação das próprias diferenças. Se todos aprendêssemos com os ensinamentos espíritas, veríamos dissipado esse véu ilusório pela palavra orientadora e amiga com que O ESPÍRITO DE VERDADE, o próprio Jesus, alerta os trabalhadores verdadeiros da Obra do Pai, encontrada sob o título:

“Os obreiros de Senhor

“Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade. Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado. Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obrai” Mas, ai daqueles que, por efeito das suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, pois a tempestade virá e eles serão levados no turbilhão! Clamarão: “Graça! Graça!” O Senhor, porém, lhes dirá: “Como implorais graças, vós que não tivestes piedade dos vossos irmãos e que vos negastes a estender-lhes as mãos, que esmagastes o fraco, em vez de o amparardes? Como suplicais graças, vós que buscastes a vossa recompensa nos gozos da Terra e na satisfação do vosso orgulho? Já recebestes a vossa recompensa, tal qual a quisestes. Nada mais vos cabe pedir; as recompensas celestes são para os que não tenham buscado as recompensas da Terra. Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos céus.” – O Espírito de Verdade. (Paris, 1862.)

Então, filhos queridos, as recomendações de todos nós para as diversas casas de Deus são resumidas na solicitação da tolerância recíproca, do respeito ao semelhante, do carinho para com todos, do trabalho incessante no Bem e na Vigilância sobre si mesmo. Tal esforço não é somente de minha parte. Todos os espíritos em tarefas no Bem estão empenhados nessa batalha cuja bandeira poderemos igualmente empunhar, unindo-nos no mesmo objetivo, encarnados e desencarnados. Nas horas difíceis da separação do joio e do trigo não haverá favorecidos da sorte, nem privilégios de qualquer tipo. Muitos gritarão, como diz o Evangelho: “Graça! Graça!” E escutarão a resposta: “Por que pedis graça, vós que não tivestes piedade de vossos irmãos, e que recusastes lhes estender a mão, vós que esmagastes o fraco em lugar de o sustentar? Por que pedis graça, vós que procurastes a vossa recompensa nas alegrias da Terra e na satisfação do vosso orgulho?”

Bezerra sorriu, demonstrando ter encerrado a orientação coletiva…

Lucius;
Psicografia: André Luiz Ruiz;
Do livro: Herdeiros do Novo Mundo, cap.13.

FRATERLUZ
Fraternidade Espírita Luz do Cristianismo



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