I – Conceito de médium
1. Allan Kardec deu-nos
a respeito do vocábulo médium dois significados:
“Todo aquele que sente,
num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa
faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio
exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns
rudimentos.” (LM, cap. 14, item 159.)
“Médium: pessoa que pode
servir de intermediário entre os Espíritos e os homens.” (LM, cap. 32.)
2. Afirma Emmanuel: “A
mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo
Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra”. (O
Consolador, questão 382.)
3. M. B.
Tamassia é bem claro: “Médium é instrumento, intermediário, meio hominal de
captação barôntica. Sensitivo é outra coisa, não se trata de intermediário,
porque ele próprio é o produtor do fenômeno.” (Médium, quem é, quem não é,
Prefácio, pág. C.)
4. A faculdade
mediúnica depende do organismo e pode ser desenvolvida quando exista no
indivíduo o princípio, mas a predisposição orgânica independe da idade da
pessoa, do sexo e do temperamento.
5. Cada
criatura emite raios específicos e vive na onda espiritual com que se
identifica. A mente permanece, pois, na base de todos os fenômenos mediúnicos.
Agimos e reagimos uns sobre os outros, por meio da energia mental em que nos
renovamos constantemente.
6. Em nossa
caminhada evolutiva, somos todos instrumentos das forças com as quais
sintonizamos. Somos, pois, médiuns dentro do campo mental que nos é próprio. Se
nosso pensamento flui na direção da vida superior, associamo-nos às energias
edificantes. Se nos escravizamos às sombras da vida primitivista ou torturada,
entramos em sintonia com forças perturbadoras e deprimentes.
II – Quem são os médiuns na
atualidade?
7. Os
médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo.
São almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o
curso das leis divinas e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e
ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. (Emmanuel, p. 65 e
66)
8. Quase
sempre, são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da
autoridade, da fortuna e da inteligência e que regressam ao orbe terráqueo para
se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas
luminosas da fé, da caridade e da virtude. (Obra citada.)
9. “Não
existe médium perfeito aqui na Terra”, afirma Divaldo Franco. “Todos somos
falíveis, exceção apenas de Jesus, que foi o médium perfeito de Deus, no
exemplo e na revelação das Leis Divinas.” (Moldando o Terceiro Milênio, p. 40)
10. Os
atributos medianímicos, afirma Emmanuel, “são como os talentos do Evangelho”.
“Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno
da confiança do Senhor na seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os
talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se
sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior,
podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do
estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do
acréscimo de seus débitos irrefletidos.” (O Consolador, questão 389.)
III – Como desenvolver ou educar a faculdade mediúnica
11. A
mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele setor da
atividade doutrinária, porque em tal assunto a espontaneidade é indispensável,
considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores do plano
espiritual. (O Consolador, questão 384.)
12. Ensina
Léon Denis que o homem tem de se submeter a uma complexa preparação e observar
certas regras de conduta para desenvolver em si o precioso dom da mediunidade.
É preciso para isso, simultaneamente, a cultura da inteligência, a meditação, o
recolhimento e o desprendimento das coisas humanas.
13. Corre
perigo quem se entrega sem reservas e cuidados às experimentações espíritas. O
homem de coração reto, de razão esclarecida e madura pode daí recolher
consolações inefáveis e preciosos ensinamentos; mas aquele que fosse inspirado
tão-somente pelo interesse material, ou que visse nesses fatos apenas uma ocasião
de divertimento, tornar-se-ia objeto de uma infinidade de mistificações e
joguete de Espíritos pérfidos que, lisonjeando suas inclinações, captariam sua
confiança para, mais tarde, acabrunhá-lo com decepções e zombarias.
14. A
faculdade mediúnica pode desenvolver-se com a prática da disciplina, do
equilíbrio, da conduta reta e caridosa. (Moldando o Terceiro Milênio, pp. 37 e
38.)
15. A
educação mediúnica exige, em primeiro plano, o conhecimento pelo estudo da
mediunidade. A seguir, a educação moral e, como consequência, o exercício e a
vivência da conduta cristã. Através dos hábitos salutares do estudo e do
exercício do amor, o médium se libera de quaisquer atavismos para fazer-se
ponte entre ele e o Criador, sob a inspiração dos Espíritos Superiores.
(Diretrizes de Segurança, questão 102.)
16. Todos os
dons mediúnicos são suscetíveis de desenvolvimento, mas nada se conseguirá se
faltarem as principais condições, que são o trabalho e a perseverança, ao lado
do estudo, do exercício, da calma e da boa vontade. (Médiuns e Mediunidade, p.
44.)
17. O melhor
meio de desenvolver a mediunidade é não se preocupar com o seu desenvolvimento,
mas preparar-se moral e mentalmente para poder assumir o compromisso de se
tornar médium desenvolvido. E esse preparo não poderá ser rápido. Se a
mediunidade não se apresentar assim, espontaneamente, naturalmente, é sinal de
que ainda não está amadurecida o bastante para explodir. (Cânticos do Coração,
Volume II, p. 105.)
18. A
faculdade mediúnica precisa ser controlada, educada, e o seu possuidor
reformado em seus defeitos, pois quanto mais moralizado, mais sensato e
criterioso ele for, melhor instrumento do Além se fará, porque mais assistido
pelas entidades esclarecidas e defendido das intromissões das trevas e
liberado, portanto, de empeços. É, pois,
de bom conselho repetir a todos os médiuns: reeduquem-se, combatam seus vícios,
inclusive os mentais, aprendam a ser bons, evangelizem-se todos os dias, sejam
amigos do bons livros educativos, procurem Deus através da prece. A
evangelização do caráter de um médium é, pois, a sua salvação, o amparo celeste
iluminando o seu carreiro na trilha da redenção. (Cânticos do Coração, Volume
II, pp. 93 e 94.)
19. O médium
deverá estudar a Doutrina Espírita e o Evangelho, diariamente, evitando o
fanatismo pelas obras mediúnicas e meditando criteriosamente sobre as
clássicas. (Cânticos, v. II, p. 109.)
20. O
desenvolvimento da mediunidade, na essência, deve ser o burilamento da criatura
em si, porque o aperfeiçoamento do instrumento naturalmente permitirá ao
Espírito manifestar-se em melhores condições. (Chico Xavier em Goiânia,
pergunta 23.)
IV – Necessidades do médium
21. O primeiro inimigo
do médium reside dentro dele mesmo. Com freqüência, é o personalismo, a
ambição, a ignorância ou a rebeldia no desconhecimento dos seus deveres à luz
do Evangelho, que, não raro, o conduzem à invigilância, à leviandade e à
confusão dos campos improdutivos. (O Consolador, questão 410.)
22. O segundo inimigo
poderoso do apostolado mediúnico situa-se no próprio seio das instituições
espíritas, quando o indivíduo se convenceu quanto aos fenômenos, mas não se
converteu ao Evangelho pelo coração e traz para as fileiras do Consolador os
seus caprichos pessoais, as suas paixões inferiores, suas tendências nocivas.
Falam da caridade, humilhando todos os princípios fraternos. Irônicos,
acusadores, procedem quase sempre como crianças levianas e inquietas (O
Consolador, questão 410.)
23. A primeira
necessidade do médium é, em vista disso, evangelizar-se a si mesmo, antes de se
entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois de outro modo poderá esbarrar
sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão. (O
Consolador, questão 387.)
24. O médium tem
obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalhar em todos os
instantes pela sua própria iluminação. Somente assim poderá habilitar-se para o
desempenho da tarefa que lhe foi confiada. (O Consolador, questão 392.)
25. Antes de cogitar da
doutrinação dos outros, encarnados ou desencarnados, o médium sincero necessita
compreender que é preciso a iluminação de si próprio pelo conhecimento, pelo
cumprimento dos deveres mais elevados e pelo seu esforço na assimilação
perfeita dos princípios doutrinários, sem jamais descuidar-se da vigilância. O
estudo da Doutrina e o cultivo da autoevangelização devem ser para ele
ininterruptos.. (O Consolador, questão 409.)
26. Como sabemos, a
alma exerce sobre os Espíritos uma espécie de atração, ou repulsão, conforme o
grau de semelhança existente entre eles. Como os bons têm afinidade com os
bons, e os maus com os maus, segue-se que as qualidades morais do médium
exercem influência capital sobre a natureza dos Espíritos que por ele se
comunicam.
27. A boa qualidade de
um médium não está, pois, apenas na facilidade das comunicações. Um bom médium
é o que simpatiza com os bons Espíritos e não recebe senão boas comunicações.
(Revue 1859, p.3.)
28. Ensina o
Espiritismo que as qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos
são:
I.
a bondade
II.
a benevolência
III.
a simplicidade do coração
IV.
o amor ao próximo
V.
o desprendimento das coisas materiais.
29. Os defeitos que os
afastam dos indivíduos são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a
cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria. E
de todas as disposições morais, a que maior entrada oferece aos Espíritos
imperfeitos é o orgulho, que muitas vezes se desenvolve no médium à medida que
cresce a sua faculdade. Esta lhe dá importância. (Revue 1859, p. 36.)
30. Os médiuns
necessitam ter muita persistência, muita paciência, muita perseverança nas
reuniões e nos estudos, para melhor se relacionarem com o Mundo Invisível.
(Médiuns e Mediunidade, p. 75.)
31. O médium eficiente
será, pois, do ponto de vista espiritual, aquele trabalhador que melhor se
harmonizar com a vontade do Pai Celestial, cultivando as qualidades citadas e
destacando-se pelo cultivo sincero da humildade e da fé, do devotamento e da
confiança, da boa vontade e da compreensão.
32. A faculdade
mediúnica é neutra em si mesma. O uso que o homem faz dela é o que importa. Ao
empregá-la, podemos nos harmonizar com os bons Espíritos ou relacionar-nos com
os maus. A sintonia é, dessa maneira, fundamental na prática mediúnica.
33. Eis o que
três vultos da Codificação revelaram (LM., cap. 31, itens XIII a XV):
“Quando
quiserdes receber comunicações de bons Espíritos, importa vos prepareis para
esse favor pelo reconhecimento, por intenções puras e pelo desejo de fazer o
bem, tendo em vista o progresso geral.” (Pascal.)
“Falar-vos-ei
hoje do desinteresse, que deve ser uma das qualidades essenciais dos médiuns,
tanto quanto a modéstia e o devotamento. (...) Não é racional se suponha que
Espíritos bons possam auxiliar quem vise satisfazer ao orgulho ou à ambição.” (Delfine de Girardin.)
“Todos os
médiuns são, incontestavelmente, chamados a servir à causa do Espiritismo, na
medida de suas faculdades, mas bem poucos há que não se deixam prender nas
armadilhas do amor-próprio. (...) Lembrem-se sempre destas palavras: Aquele que
se exalçar será humilhado e o que se humilhar será exalçado.” (O Espírito de
Verdade.)
V – Precauções que médiuns e experimentadores não podem negligenciar
34. As condições de
experimentação são favoráveis quando os componentes da equipe mediúnica
constituem um grupo harmônico. Outros fatores que favorecem também o bom êxito
das reuniões mediúnicas são o silêncio e o recolhimento. Se, contudo, houver
desarmonia ou desentendimento na equipe, haverá inequívocas dificuldades na
realização de um bom intercâmbio mediúnico.
35. A ausência de método,
a falta de continuidade e a inexistência de uma direção segura nas experiências
mediúnicas podem tornar estéreis a boa-vontade dos médiuns e as aspirações,
ainda que legítimas, dos experimentadores.
36. Um trabalho
mediúnico produtivo deve, pois, primar pelo estudo, pelo esforço de melhoria
moral, pela perseverança, pela humildade, pela assiduidade, pela disciplina por
parte dos integrantes da equipe, e ser exercido em um ambiente de silêncio,
prece, recolhimento e seriedade, com vistas ao bem-estar e à melhoria
espiritual do próximo. Recolhimento e pureza das intenções, eis a primeira
condição para merecermos a simpatia dos bons Espíritos. (Revue 1859, p. 195.)
37. Nem
sempre as comunicações sérias são verdadeiras. Existem comunicações sérias que
contêm erros e falsidades. Eis por que os Espíritos verdadeiramente superiores
recomendam de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e
da mais rigorosa lógica.
38. Além
disso, certos Espíritos presunçosos ou pseudo-sábios procuram, valendo-se de
uma linguagem elevada, incutir nos encarnados as mais falsas idéias, os
sistemas mais absurdos. Não têm eles nenhum escrúpulo em se adornar com nomes
respeitáveis, e tal mistificação somente um exame rigoroso e atento poderá
desvendar.
39. As comunicações
recebidas devem ser, pois, submetidas e rigoroso e severo exame da razão.
(Médiuns e Mediunidade, p. 58.)
40. É bom lembrar que
Chico Xavier foi vítima de mistificação muitas vezes. (No Mundo de Chico
Xavier, p. 31) e o mesmo se deu com a notável médium Sra. Duret (Revue de 1860,
p. 183) e com o próprio Codificador do Espiritismo, quando um mistificador
usurpou o nome de São Luís, presente à reunião (Revue de 1860, p. 171).
41. Os casos de
mistificação não ocorrem à revelia dos mentores espirituais mais elevados, que,
agindo assim, visam a conduzir o médium à vigilância precisa e às realizações
da humildade e da prudência no seu mundo subjetivo. A mistificação traz sempre
uma finalidade útil, que é a de afastá-lo do amor-próprio, da preguiça no estudo
de suas necessidades próprias, da vaidade pessoal ou dos excessos de confiança
em si mesmo. (O Consolador, questão 401.)
42. Ciente de
que as comunicações mediúnicas não podem deixar de ser rigorosamente
analisadas, o médium deve, pois, aceitar agradecido, e até mesmo solicitar, o
exame crítico das comunicações de que for o intermediário, atento à
recomendação de Erasto, que propôs: “Aquilo que é reprovado pela razão e pelo
bom-senso deve ser rejeitado firmemente. Mais vale repelir dez verdades que admitir
uma só mentira, uma só teoria falsa”. (Revue de 1861, p. 257.)
43. Com
vistas a isso, na Revue de 1860, p. 233, Kardec arrolou seis princípios que nos
auxiliam na análise das comunicações espíritas, lembrando-nos que os Espíritos
superiores não se contradizem jamais e não ensinam coisas absurdas. Por isso,
toda comunicação manchada de erros manifestos e contrários aos dados mais
vulgares da ciência e da observação atesta a inferioridade de sua origem.
44. Outro
ponto importante para aquele que se dedica à mediunidade é evitar que ocorram abusos
na sua prática. O exercício muito prolongado de qualquer faculdade acarreta
fadiga, e o mesmo se dá com a mediunidade, principalmente a que se aplica aos
efeitos físicos, a qual ocasiona necessariamente um dispêndio de fluido, que
produz a fadiga e precisa, assim, ser reparado pelo repouso.
45.
Entendendo a mediunidade como um meio que Deus oferece aos homens para a sua
reforma moral e consequente progresso espiritual, os bons Espíritos afastam-se
dos médiuns por vários motivos:
I. Quando o
médium se serve da faculdade mediúnica para atender a coisas frívolas ou com
propósitos ambiciosos e desvirtuados do seu verdadeiro objetivo.
II. Quando o
médium não aproveita as instruções nem os conselhos que os protetores espirituais
lhe propiciam.
III. Quando a
interrupção dos fenômenos se dá como uma prova de benevolência do
Benfeitor espiritual para com o
médium.
46. O médium obsidiado,
recomenda Kardec, deve ser afastado das reuniões práticas. E só deve voltar à atividade
mediúnica depois de sua completa cura. (Cânticos do Coração, Volume II, p. 89.)
47. Os médiuns devem
evitar, na sociedade, os ambientes nocivos e viciosos. (Emmanuel, p. 67.)
48. As sessões práticas
devem ser privativas, porque elementos estranhos prejudicam o bom resultado dos
trabalhos. (Médiuns e Mediunidade, p. 53.) Carlos Imbassahy (À Margem do Espiritismo, p. 239) e Allan
Kardec (Revue de 1861, p. 140) propõem idêntica medida.
VI – Cuidados antes das reuniões
49. Na preparação para a reunião é preciso ter
sempre em conta que "a mente permanece na base de todos os fenômenos
mediúnicos" ("Nos Domínios da Mediunidade", cap. 1).
50. Segundo Allan Kardec ("O Livro dos
Médiuns", cap. 29, item 330), "toda pessoa que entra em uma reunião
leva consigo Espíritos que lhe são simpáticos. Segundo seu número e sua
natureza, estes acólitos podem exercer sobre a assembleia e sobre as
comunicações uma influência boa ou má. Uma reunião perfeita seria aquela cujos
membros, todos animados de um igual amor ao bem, trouxessem consigo apenas bons
Espíritos".
51. A
preparação para a reunião é, pois, indispensável e deve começar desde cedo,
cultivando-se atitude mental digna desde o momento do despertar, seja orando ou
acolhendo ideias de natureza superior e evitando, deliberadamente, rusgas e
discussões ao longo do dia.
52. A
alimentação, nas horas que precedem a sessão mediúnica, será leve. A digestão
laboriosa consome grande parcela de energia e impede a função mais clara e mais
ampla do pensamento, que exige leveza para exprimir-se.
53. A bebida
alcoólica é completamente imprópria ao componente da equipe, sobretudo no dia
da sessão mediúnica. Quanto ao fumo, à carne, ao café e aos temperos
excitantes, o ideal seria a abstenção total de seu uso no dia da reunião.
54. Após o
trabalho profissional ou doméstico de cada dia, um momento de repouso físico e
mental, nos instantes que precedem a sessão, será muito útil. Repouso do corpo
e da mente. Ideações edificantes. Aspirações superiores. Abstenção de
pensamentos impróprios. Distância de preocupações inferiores. Essa preparação
pode incluir leitura moralizadora e salutar, seguida de prece e meditação no
próprio lar, antes de o integrante da sessão mediúnica dirigir-se ao Centro
espírita.
55. O estudo
metódico d' O Livro dos Médiuns e das obras respeitáveis que tratem da
mediunidade fará parte, não necessariamente no dia da sessão, da preparação do
tarefeiro da atividade mediúnica. O estudo da Doutrina Espírita, bem como os
estudos em geral, são providências que todos devemos acolher, porque o
progresso depende também da construção das asas do conhecimento.
56. O
integrante de uma equipe mediúnica deve, pelo menos uma vez por semana,
realizar o culto do Evangelho em sua própria casa. Como já assinalado por
tantos autores espirituais, o culto evangélico no lar "equivale a lâmpada
acesa para todos os imperativos do apoio e do esclarecimento espiritual" e
a ele acorrem, além "dos companheiros desencarnados que estacionam no lar
ou nas adjacências dele", os "irmãos já desenfaixados da veste
física, principalmente os que remanescem das tarefas de enfermagem espiritual
no grupo, que recolhem amparo e ensinamento, consolação e alívio, da
conversação espírita e da prece em casa" ("Desobsessão", cap.
70).
57. A
preparação para a atividade mediúnica não pode, também, ignorar a importância
da assistência aos necessitados. Entidades sofredoras ou transviadas acompanham
os componentes do grupo examinando-lhes os exemplos. A assistência aos
necessitados -- através do pão, do agasalho, do auxílio financeiro, do
medicamento, do passe ou do ensinamento, em favor dos que atravessam provações
mais difíceis que as nossas -- "não é somente um dever, mas também valioso
curso de experiências e lições educativas para nós e para os outros" (obra
citada, cap. 71). Os irmãos em revolta ou desespero não se transformam
simplesmente à força de nossas palavras, mas, sobretudo, "ao toque moral
de nossas ações, quando as nossas ações se patenteiam de acordo com os nossos
ensinamentos".
58. Aparecem no cotidiano dificuldades e percalços
que não podem constituir impedimento a que o integrante da equipe compareça à
reunião mediúnica. André Luiz (Espírito) os enumera: a chuva, a visita
inesperada de alguém que chega ao nosso lar sem aviso, ligeiros contratempos momentos
antes do intercâmbio mediúnico, dificuldades de trânsito, festas de natureza
familiar, comemorações de aniversário e eventos semelhantes que podem ser
postergados sem prejuízo para as pessoas. Cabe, pois, ao componente da equipe
superá-los.
59. André
Luiz só ressalva, como impedimentos naturais: viagens inesperadas que não
possam ser adiadas, moléstia grave em casa, enfermidade epidêmica, qual a
gripe, no próprio participante, e os cuidados decorrentes da gravidez, bem como
os relativos aos períodos menstruais. Surgindo o impedimento, é importante que
a pessoa se comunique, a tempo, com o dirigente da reunião, para assegurar-se a
harmonia do conjunto.
60. Na
chegada dos companheiros ao recinto da reunião, a posição deve ser respeitosa,
sem vozerio, tumulto, gritos ou gargalhadas. Devemos lembrar que nos
aproximamos de enfermos reunidos, como acontece no ambiente de um hospital. A
conversação antes da reunião, se ocorrer, deve buscar a edificação comum, a
pacificação do recinto, evitando-se temas contrários à dignidade da tarefa
prestes a iniciar, anedotas jocosas, críticas, queixas, considerações
injuriosas a quem quer que seja, azedumes, apontamentos irônicos e os
comentários escandalosos.
61. A
pontualidade, assim como a assiduidade, é sempre um dever, mas na desobsessão,
diz-nos André Luiz, "assume caráter solene". Devemos procurar
remover, durante a semana, os empecilhos suscetíveis de ocorrer no dia e na
hora prefixados para a reunião mediúnica. O mesmo autor lembra que o fracasso,
na maioria das vezes, "é o produto infeliz dos retardatários e dos
ausentes". A hora de início das tarefas deve ser observada com
austeridade, entendido que o momento de encerramento é variável conforme as
circunstâncias da reunião. A porta de entrada deve ser fechada 15 minutos antes
do horário da prece inicial, tempo esse que será empregado na leitura
preparatória.
62. Uma
reunião de desobsessão assemelha-se muito a uma enfermaria, com recursos
trazidos da Espiritualidade para tratamento das entidades conturbadas e infelizes
que ali comparecem. Nesse sentido, não se compreende que a sessão seja aberta a
curiosos. André Luiz comenta: "Coloquemo-nos no lugar dos desencarnados em
desequilíbrio e entenderemos, de pronto, a inoportunidade da presença de
qualquer pessoa estranha a obra assistencial dessa natureza" (obra citada,
cap. 18).
63. Os
integrantes de qualquer equipe de desobsessão, como deve acontecer com qualquer
espírita, devem cumprir sempre suas obrigações de família e profissão,
abstendo-se de qualquer atitude que possa induzi-los a cair em profissionalismo
religioso. O médium deve, segundo Kardec, dar à causa espírita o tempo de seu
lazer, mas não transformar sua faculdade em profissão nem daí tirar os recursos
necessários à sua subsistência.
VII – Cuidados depois das reuniões
64. A
conversação depois da reunião deve cultivar bondade e otimismo, não devendo
descambar para qualquer expressão negativa, como reprovações, críticas,
motejos, sarcasmos dirigidos a médiuns ou desencarnados. Os comentários
desairosos, que destacam as deficiências e as falhas, constituem prejuízo na
obra do progresso e na consolidação do bem.
65. O estudo
construtivo das comunicações recebidas na reunião é sugerido por André Luiz e
diversos autores. Diz André Luiz: "E' interessante que dirigente,
assessores, médiuns psicofônicos e integrantes da equipe, finda a reunião,
analisem, sempre que possível, as comunicações havidas, indicando-se para exame
proveitoso os pontos vulneráveis dessa ou daquela transmissão" (obra
citada, cap. 60).
66. Nesse
exame, as observações devem ser fraternas e desapaixonadas e visarão alertar os
médiuns quanto a senões que
precisem evitar e os doutrinadores quanto às atitudes ou palavras inconvenientes que não devem repetir.
Essa avaliação fará com que o grupo cresça em responsabilidade, conscientes
todos de que não pode haver lugar para
melindres e suscetibilidades numa equipe séria e sincera.
67. A saída
dos companheiros observará a mesma discrição verificada na sua chegada ao
recinto, evitando-se gritos, gargalhadas, referências maliciosas e anedotas
picantes. Lembremos que muitas vezes estamos sendo seguidos e observados por
enfermos desencarnados que, pouco antes, nos ouviram com interesse as
exortações e conselhos.
68. De volta ao lar, todos da equipe devem manter
silêncio sobre os fenômenos e as revelações havidas na reunião mediúnica.
Astolfo O. de Oliveira Filho
Londrina-PR
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