Por que Morremos Mal

Quando a obra “Os Mensageiros”, autoria de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, começou a circular em 1944, a comunidade espírita sobressaltou-se diante do quadro de insucessos dos espíritas que renasceram com todos os meios necessários para vencer.

Como se não bastasse, André insiste na advertência. Agora, é em 1946, com “Obreiros da Vida Eterna”, capítulo VIII, “Trevas e sofrimento”, quando narra a dolorosa passagem de uma senhora espírita, há anos nas regiões umbralinas. Convivera com Bezerra de Menezes, mas não absorveu os ensinamentos recebidos. Ela diz, sob intenso desespero: “Minha crença não chegou a ser fé renovadora”.

Outras obras, como “Vozes do Grande Além”, “Instruções Psicofônicas”, também de Chico Xavier, “Tormentos da Obsessão”, “Entre Dois Mundos”, da lavra de Divaldo Franco entre outras, reproduziram os chamamentos.
Quais as razões?

Falta-nos a adesão sincera e desejosa de novos rumos para as nossas vidas. Nossa formação religiosa consumiu séculos, mas os velhos hábitos permanecem. O orgulho é o mesmo. A arrogância permanece, o espírito de competição está vivo. O desejo de dominação é palpável. A vaidade continua jogando uns contra os outros.

A luz alheia preocupa, o sucesso do companheiro incomoda, o conhecimento dos outros nos fere e nos perturbamos no desejo de sermos os donos da verdade.
Meditemos, enquanto há tempo!

Somos detentores de livre arbítrio, dominamos a cultura espírita, não nos falta a consciência necessária para as ações corretas e temos a certeza de que a justiça divina não nos julgará pela aparência, pelo conhecimento, pelo cargo, mas tão somente pelas virtudes que tenhamos adquirido, pela aplicação dos sentimentos superiores na vida de relação com o próximo e, acima de tudo, pelas nossas posições mentais cristalizadas, ou não, nos vícios comportamentais.

Por outro lado, há exemplos notáveis. Bezerra de Menezes consagrou-se pelo bem que praticou; Eurípedes Barsanulfo habita altas esferas, mesmo desconhecido no interior de Minas Gerais; Chico Xavier, se sabe, foi recebido por Jesus, pelo muito que fez no trabalho humilde e despretencioso.

O Senhor nos disse que quem o segue não andará em trevas, pelo contrário, obterá a luz da vida. Segui-lo não é conhecer Seus ensinamentos, Suas palavras, Suas dores, Seu testemunho. Segui-lo é buscar nossa reforma moral e espiritual a cada instante, onde estivermos, com quem estivermos, refletindo a nobreza de um caráter que se sustenta nos valores por Ele vividos.

“Afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”, alardeou o Cristo para os religiosos de todos os tempos. 
 
Revista Espírita nº 132.
 

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