O Sonho na Ótica Espírita

Um tanto ainda desconhecido ou até mesmo pouco estudado, o sonho, na verdade, é um estado onde o Espírito tem amplas possibilidades de se exercitar.

Isto é, trabalhar os seus sentimentos de forma ativa e concreta para a sua evolução. Serve também de recreio, conforme os Veneráveis Espíritos da Codificação afirmaram em O Livro dos Espíritos, quando o Espírito se refaz das vicissitudes e das preocupações do seu dia a dia. Afirmam os Espíritos que jamais ficamos inativos no estado do sono.

O assunto é tão importante que em O Livro dos Espíritos, do mestre lionês Allan Kardec, o tema é tratado nas questões de no 400 a 455.

Pois bem, na Revista Espírita de 1865, no capítulo “Teoria dos Sonhos”, conforme publicação de Allan Kardec, temos três categoria de sonhos:

1) Os sonhos que são provocados pela ação da matéria e dos sentidos sobre o Espírito, ou seja, aqueles em que o organismo representa um papel preponderante pela mais íntima união entre o corpo e o Espírito. É possível deste tipo de sonho nos lembrarmos claramente, apesar do pouco desenvolvida que seja a memória, pois ele conserva uma impressão durável.

Portanto, amigo leitor, podemos chamá-lo de sonho orgânico.

Ainda na questão 405 de O Livro dos Espíritos, abstraindo o espírito da letra, encontraremos, de forma que não nos restará dúvidas, este tipo de sonho.

2) Sonhos Mistos: provocados pela ação da matéria e do Espírito, o qual, conforme a Revista Espírita, possui desprendimento mais completo. Ao despertar, a pessoa dele se recorda, sendo “o esquecer” quase que instantaneamente, a menos que uma particularidade venha despertar a lembrança.

3) Sonhos Etéreos ou puramente espirituais: aqueles provocados somente pelo Espírito. Assim, são produtos exclusivos do Espírito, o qual pode estar desprendido da matéria ou na vida do corpo. Não há recordação, por vezes subsistindo uma vaga lembrança do que se sonhou; nenhuma circunstância poderá trazer à memória os incidentes do sono.

O saudoso e estudioso da Doutrina Espírita, Martins Peralva, no livro Estudando a Mediunidade, livro este que estuda a obra Nos Domínios da Mediunidade, psicografada pelo também saudoso e querido médium Chico Xavier, através do competente Espírito André Luiz, analisa, dentro deste contexto, a seguinte classificação do sonho:

1) Sonhos Comuns (Orgânicos): Emitidos por nós ou por outras pessoas, como imagens (forma pensamentos), problemas emocionais ou orgânicos. Puramente fisiológico.

2) Sonhos Reflexivos: Lembranças arquivadas no nosso subconsciente (perispírito) desta encarnação ou em existências pretéritas.

3) Sonhos Espíritas: Encontros espirituais conforme nossas vibrações, seja com amigos, parentes, participação em estudos para aprendizado ou mesmo diversões e encontros com desafetos. Tudo de acordo com o nosso livre arbítrio.

A doutrina espírita também explica o sonambulismo sob dois aspectos:
O sonambulismo espontâneo e o magnético ou artificial, ou seja, provocado por ação de terceiros. Conforme afirma o mestre Kardec:

“No estado de desprendimento em que se encontra, o Espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com outros Espíritos, encarnados ou não encarnados; essa comunicação se estabelece pelo contato dos fluidos que compõem os perispíritos e servem de transmissão para o pensamento, assim como o fio para eletricidade.”

Já o Êxtase trata-se de um sonambulismo mais apurado.

Temos também os sonhos premonitórios, ou seja, sonhamos com acontecimentos futuros. Não podemos intervir porque sonhamos com o efeito e não com a causa. Melhor dizendo, conforme estatística efetuada por Robert Nelson, do Registro Central de Premonições, em 1968, de 12 mil sonhos pesquisados apenas 56 ocorreram. E, como sonhamos com o efeito, o mesmo poderá não ocorrer por alterações de situações ou mesmo pela falta de referencial, ou seja, do momento, do dia, do ano e de outras condições. Portanto, sobre este tipo de sonho não devemos nos preocupar, porque, como vimos, a probabilidade do acontecimento é muito rara.

Finalizando, o sonambulismo natural ou artificial (magnético); o êxtase e a dupla vista são apenas variedades ou modificações de uma mesma causa. Estes fenômenos, assim como nos sonhos, estão na Lei da Natureza.

Prezado leitor, o assunto é vasto e demanda estudos aprofundados. Obviamente, não dispomos da pretensão de esgotar o assunto e muito menos de espaço para que isto ocorra, tendo em vista tratarmos em único artigo de assunto com tão vasto aprofundamento. Desta forma, fica o nosso convite para estudarmos este tema, pois, no futuro, com certeza o conhecimento do assunto resultará em soluções para diversas dificuldades e obstáculos apresentados no campo do nosso psiquismo e de nossos sentimentos.

Vamos estudar? Vamos refletir sobre isso?
Muita paz a todos!

Antonio Tadeu Minghin
Expositor Espírita da cidade de Penápolis-SP C.E. Dr.Mariano Dias

OBRAS PESQUISADAS
- Revista Espírita, 1865 – Allan Kardec.
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. questões 400 a 455.
- PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade. FEB.
- LOUREIRO, Carlos B. A Visão Espírita do Sono e dos Sonhos. Ed. O Clarim.
- FARIA JR., Ademar. Mecanismo dos sonhos. Ed.Mnêmio Túlio.

Revista RIE setembro de 2011

Fonte: www.portalespiritualista.org/artigos-revistas/873-o-sonho-sob-a-otica-espirita

FRATERLUZ
Fraternidade Espírita Luz do Cristianismo